Obras do monotrilho e do BRT, que deveriam estar concluídas até a realização da Copa do Mundo, em 2014, sequer iniciaram
Projeto do monotrilho elaborado pela Secretaria de Planejamento do
Governo do Estado está orçado em R$ 1,4 bilhão e prevê a construção de
uma linha, no sentido Norte-Centro, perfazendo um total de 20,2
quilômetros de extensão
A
um ano da Copa do Mundo da Fifa, nada do legado prometido pelas
autoridades públicas para a melhoria da mobilidade urbana em Manaus saiu
do papel. Obras como o monotrilho e o BRT (Bus Rapid Transit), usadas a
exaustão para embalar o sonho dos manauaras em ter um transporte
público de melhor qualidade, foram até retiradas da Matriz de
Responsabilidade do Governo do Amazonas e da Prefeitura de Manaus para o
evento.
Vendido em 2009 pelo então
governador Eduardo Braga (PMDB) como um dos projetos carro-chefe para
que Manaus figurasse como subsede da Copa, o monotrilho deveria entrar
em operação em dezembro deste ano. A obra, tachada por opositores como o
ex-prefeito Amazonino Mendes (PDT) de “inexequível”, previa a
construção de uma linha partindo da Norte ao Centro de Manaus.
O
BRT, proposta defendida pelo ex-prefeito Amazonino Mendes, previa a
construção de corredores exclusivos para ônibus que ligaria a Zona Leste
ao Centro de Manaus. Segundo a Matriz de Responsabilidades para a Copa
2014, as obras do BRT deveriam ter iniciado em dezembro de 2011, e
concluídas em março de 2014. O custo do projeto aos cofres públicos foi
estimado em R$ 260 milhões.
O
monotrilho, orçado inicialmente em R$ 1,4 bilhão, tinha o mês de março
de 2010 como data para iniciar as obras. E deveria ser concluído em
dezembro de 2013. Tão logo o Governo do Amazonas licitou a obra, em
março de 2011, o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria
Geral da União (CGU) identificaram irregularidades no edital da
licitação e falhas nos projetos básicos.
Também
em 2011, a CGU detectou problemas no projeto do BRT. Segundo o órgão, o
sistema de corredores de ônibus da prefeitura passava pela mesma
localidade do monotrilho, com pontos de paradas previstos até para os
mesmos locais. O problema, que para o órgão significava que os projetos
não estavam sendo pensados de forma integrada, foi um dos fatores que
impediram a Caixa Econômica Federal de liberar o financiamento de R$
194,7 milhões para o município.
Diante
dos entraves para obter os recursos e tirar do papel o monotrilho e o
BRT, o Governo do Amazonas e a Prefeitura de Manaus pediram do Governo
Federal, em 2012, para retirar as duas obras da Matriz de
Responsabilidade da Copa.
Tanto o
Governo do Estado quanto a Prefeitura de Manaus defendem que, mesmo não
servindo à população até a Copa de 2014, monotrilho e o BRT podem, sim,
ser considerados legados que o evento vai deixar para a cidade. O
argumento é que as obras saíram da agenda da Copa, mas não da agenda do
Governo Federal, que garantiu recursos para os dois projetos saírem do
papel até 2016.
Pontos
Estágio atual dos projetos
Monotrilho
e BRT saíram da Matriz de Responsabilidade da Copa e migraram para a
Programação de Aceleração do Crescimento (PAC 2).
O
projeto do monotrilho está na fase de sondagem do solo nas avenidas
Torquato Tapajós, Constantino Nery e Max Teixeira. Segundo o governo, o
estudo é para definir o tipo de tecnologia de engenharia civil que será
utilizada na construção. O consórcio Monotrilho Manaus (CR Almeida,
Mendes Júnior e Scomi) é responsável pela execução da obra.
A
obra do BRT tem previsão para iniciar com a chegada do verão, no
segundo semestre de 2013. O projeto terá financiamento do Governo do
Amazonas, segundo a UGP Copa. O serviço está licitado e será executado
pela construtora Construbase, com orçamento de R$ 260 milhões.
A
previsão de entrega das obras do monotrilho e do BRT é 2016. Segundo o
Governo do Amazonas, o monotrilho terá 20,2 quilômetros de extensão e
capacidade para transportar até 25 mil passageiros por hora em cada
sentido.
O traçado do BRT vai da zona
Leste ao Centro da cidade em uma pista isolada. A prefeitura defende
que o modelo aumentará a velocidade média do deslocamento em relação ao
transporte coletivo convencional.
Três perguntas para Miguel Capobiango Coord. da Unid. Gest. do Projeto Copa (UGP Copa)
Quais entraves inviabilizaram a conclusão dos projetos para a Copa?
O
monotrilho enfrentou uma dificuldade relativa à própria novidade. É um
sistema de transporte novo. Não temos nenhum no Brasil. Por conta desse
caráter inovador, os próprios técnicos da Caixa Econômica levantaram uma
série de questões que necessitavam de detalhamento dos projetistas.
Esse trâmite demorou muito. É compreensível.
E o que aconteceu com o BRT (Bus Rapid Transit)?
Detalhamentos
do projeto não estavam esclarecidos. Também demandou tempo junto à
aprovação na Caixa Econômica Federal. Chegou a ser assinado contrato de
financiamento ainda em 2012. Havia necessidade de contrapartida e a
prefeitura não tinha o aporte para essa contrapartida na ocasião. Por
isso não foi feito o convênio.
O que tem de concreto hoje sobre os projetos do monotrilho e do BRT?
No
monotrilho, a sondagem de solo para poder dimensionar as estacas e
verificar as interferências com tubulações que existem ali embaixo. É um
trabalho muito demorado. Isso é uma etapa do projeto executivo. O BRT
foi licitado e homologado. Só não foi contratado ainda porque precisa de
um convênio entre o Estado e a prefeitura para que seja aberto
orçamento. O convênio está sendo trabalhado entre a PGE e a PGM.
Comentário
Bernardo MonteiroCoord. UGP Copa do Município
‘Temos que fazer o que é possível’
“Os
fatos que levaram a Prefeitura de Manaus a não executar o BRT na gestão
passada não cabe a mim explicar. Acho que agora é importante destacar
que pelo fato da obra está no PAC da Copa, conseguimos obter o
financiamento. E mesmo deslocada para o PAC normal, os recursos estão
garantidos. Para a Copa do Mundo, o eixo do traçado do BRT não está
dentro da área do plano de mobilidade. O turista chega ao aeroporto, vai
à Arena da Amazônia assistir aos jogos, de lá vai conhecer o Centro
antigo e de lá vai a Fan Fest da Ponta Negra. Esse quadrilátero,
perímetro, é o que vai ser mais utilizado nos eventos da Copa. E esse
não é o traçado do BRT. Então, a Prefeitura de Manaus está elaborando
projetos para cuidar da requalificação urbana para a Copa nesse trajeto.
É importante destacar que essa gestão assumiu a prefeitura agora em
2013. Temos que fazer o que é possível dentro desse período. O prefeito
anunciou pacote de intervenções recentemente e Manaus vai se transformar
num canteiro de obras. Essa gestão fará o máximo para requalificar as
principais ruas e avenidas. É possível fazer tudo? Não. Mas tentaremos
dentro das nossas possibilidades
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