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Oficial condenado por tráfico quase foi nomeado comandante do Policiamento Regional Oeste

O Secretário de Segurança Pública, Paulo Roberto Vital disse que a nomeação de Arce para comandar o CPR Oeste foi um equívoco, que apesar de ter caráter administrativo, requer um pouco de operacionalidade

Felipe Arce foi condenado também por liderar grupo de extermínio em Manaus
Felipe Arce foi condenado também por liderar grupo de extermínio em Manaus (Arquivo/AC)
A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) suspendeu no final da tarde desta quarta (4) os efeitos da nomeação do tenente-coronel Felipe Arce Rio Branco para o Comando de Policiamento Regional (CPR) Oeste. A decisão foi tomada em menos de 24 horas após a nomeação.
O anúncio foi feito por meio de uma nova portaria publicada nesta quarta (4), informando também que ainda não há decisão judicial ou administrativa que determine o afastamento de Arce dos quadros da corporação, por isso o mesmo foi colocado em uma função administrativa no Comando-Geral.
O Secretário de Segurança Pública, Paulo Roberto Vital disse que a nomeação de Arce para comandar o CPR Oeste foi um equívoco, que apesar de ter caráter administrativo, requer um pouco de operacionalidade. Para que o tenente-coronel não fique recebendo sem trabalhar, ele foi nomeado ontem para ser o adjunto do Departamento da Tecnologia da Informação, atividade meramente administrativa.
Na manhã desta quarta (4) o subcomandante geral Moisés Cardoso justificou a nomeação do tenente-coronel dizendo que Arce foi condenado e está cumprido pena, mas está na ativa e nos últimos meses vive pelos corredores do Comando Geral sem fazer nada e recebendo o salário de tenente-coronel que é de R$ 11 a R$ 10 mil e como é uma função que Arce está a altura, foi melhor colocá-lo nessa atividade. Segundo Cardoso, o tenente-coronel ia desempenhar a função sob a coordenação do coronel Romel Paulo, que é o diretor do Comando de Policiamento do Interior (CPI).
Arce permanece na corporação por conta de uma liminar. Ele foi submetido a conselho de justificação que, em 30 de março de 2010, decidiu pela demissão, mas o tenente-coronel recorreu da decisão do conselho e está aguardando decisão da Justiça.
O tenente-coronel Felipe Arce foi condenado, em novembro de 2009 a 10 anos de prisão pelo crime de associação para o tráfico, juntamente como Raphael Wallace Souza, o filho do ex-deputado estadual Wallace Souza. De acordo com as investigações, Arce comandava um grupo de extermínio formado por policiais militares que trabalhavam com ele quando chefiava o Departamento de Inteligência (DI) da Polícia Militar do Estado.
Repercussão imediata na Assembleia
A nomeação de Arce para comandar o CPR Oeste gerou indignação. “É o criminoso combatendo o crime”, assim classificou o promotor de Justiça e coordenador Centro de Combate ao crime Organizado (Caocrimo), Fábio Monteiro. Arce iria comandar o policiamento de 21 municípios da Zona Oeste do Amazonas, a maioria localizada na calha do Solimões conhecida como corredor do tráfico de droga.
A indignação não foi só de Monteiro, mas de membros de outros segmentos também. O deputado estadual Marcelo Ramos (PSB) disse em seu pronunciamento na sessão de ontem no plenário da Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas que: “Quem nomeia para um cargo de confiança alguém acusado de tráfico de drogas, grupo de extermínio, falsificação de documento do INSS, ou é um covarde ou da mesma laia”.
Fábio Monteiro - promotor de justiça e presidente do Caocrimo
“Essa nomeação do tenente-coronel Felipe Arce é uma afronta à Constituição Federal e à sociedade. O Arce é réu em vários processos e, em lugar algum se coloca um réu para combater crimes, continua principalmente quando o mesmo responde processos por extorsões, grupo de extermínio e tráfico de droga. Isso é responsabilidade do comandante da instituição e dessa forma ele está contribuindo para a sensação de insegurança na população. Pessoas com ficha corrida semelhante a dele não podem exercer comando”.

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