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Ministério Público ouve Adail e diz que vai a Coari-AM na próxima semana

Ministério Público ouve Adail e diz que vai a Coari-AM na próxima semana
Adneison Severiano Do G1 AM
Matéria G1.COM.BR
 
Fantástico mostra novas denúncias contra prefeito de Coari (AM) (Foto: Reprodução TV Globo)Prefeito de Coari teve que depor em relação às
novas e antigas denúncias de pedofilia
(Foto: Reprodução TV Globo)
O prefeito de Coari, Adail Pinheiro (PRP), foi ouvido na manhã desta quarta-feira (29), por promotores do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM), que anunciaram viagem a Coari na próxima semana. Adail prestou depoimento sobre recentes acusações de pedofilia investigadas desde dezembro do ano passado. Ele é o principal alvo de inquérito sobre existência de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes no interior do estado. Após o depoimento, o prefeito deixou a sede do MPE-AM, na Zona Oeste de Manaus, pela porta dos fundos. A conduta deve ser apurada.
De acordo com o MPE-AM, um inquérito foi instaurado em dezembro do ano passado para investigar fatos novos e denúncias antigas de crimes de exploração sexual, pedofilia e formação de quadrilha envolvendo Adail. O Ministério Público informou que deu início, ainda em dezembro, à fase de ouvir as pessoas citadas nas denúncias e coletar depoimentos de vítimas.
Nesta quarta (29), Adail Pinheiro permaneceu no Ministério Público por cerca de 3h30. Ele foi ouvido por Fábio Monteiro e Leda Mara Albuquerque, promotores designados pelo procurador-geral de Justiça do MPE-AM, Francisco Cruz, para investigar as denúncias. O inquérito é acompanhado pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e o Centro de Apoio Operacional de Combate ao Crime Organizado (Caocrime) do órgão.
Segundo o promotor Fábio Monteiro, Adail não fugiu do procedimento padrão seguido por pessoas acusadas de crimes de pedofilia. "A todo o momento, Adail disse que não houve nada e que isso é uma inverdade, aquilo que tem dito na versão dele”, disse Monteiro.
Além de Adail, pessoas ligadas ao prefeito, que supostamente atuavam como agenciadores, também serão ouvidas. Ao todo, dez supostas vítimas e cinco testemunhas já prestaram depoimento desde dezembro. Ao MPE-AM, as supostas vítimas relataram que as abordagens seriam feitas pelo próprio prefeito ou por aliciadores, entre eles, assessores e pessoas que prestam serviço à Prefeitura. Para o Ministério Público, há indícios de que pais colaboravam com os abusos sexuais, e o órgão pretende puní-los.
Promotores dizem que elementos já coletados convergem para incriminação de Adail Pinheiro (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Promotores dizem que elementos já coletados convergem para incriminação de Adail Pinheiro (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)
"As denúncias mais recentes relatam o mesmo modus operandi (modo de operação) dos casos mais antigos. O número de denúncias está aumentando e devem aparecer mais casos quando o MPE-AM for até Coari. A coleta de depoimentos em Coari está prevista para ocorrer na próxima semana", disse a promotora Leda Mara Albuquerque.
A rede de pedofilia supostamente comandada por Adail Pinheiro continuou agindo mesmo após a Operação Vorax, deflagrada em 2008, apontou a investigação do Ministério Público com base nos relatos de vítimas.
No domingo (26), o Fantástico divulgou ligações telefônicas interceptadas em 2007 pela Polícia Federal, com autorização da Justiça. O prefeito de Coari aparece em conversas com o ex-secretário de Administração do município, apontado como um dos supostos aliciadores de jovens. Os promotores questionaram Adail sobre o diálogo durante o depoimento, mas ele se recusou a falar sobre o assunto, alegando que os advogados de defesa questionarão a legalidade das interceptações telefônicas na Justiça.
O promotor de Justiça Fábio Monteiro avaliou preliminarmente que existem fortes indícios da participação de Adail nos crimes de pedofilia. "Tudo que já foi apurado converge para incriminá-lo", enfatizou.
Os promotores de Justiça responsáveis pelo caso pretendem concluir as investigações ainda neste semestre. Após conclusão do inquérito, o procurador-geral de Justiça do MPE decidirá qual será o procedimento adotado. Francisco Cruz pode oferecer denúncia ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), determinar o arquivamento do caso ou retorno da investigação para os promotores realizarem novas diligências.
Ministério Público Estadual do Amazonas (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)Adail saiu da sede Ministério Público Estadual pela
porta dos fundos; promotores averiguarão conduta
de segurança do MPE-AM
(Foto: Adneison Severiano/G1 AM)
Porta dos fundos
Depois de prestar depoimento, Adail Pinheiro saiu da sede do Ministério Público sem falar com a imprensa através de uma saída utilizada exclusivamente por promotores, procuradores e servidores do órgão. O procedimento causou indignação aos promotores, que pretendem apurar se houve facilitação por servidores ou policiais militares que atuam na segurança do local.
"Quero deixar claro que o procedimento será apurado, pois não cabe à Polícia Militar ou qualquer quem seja decidir sobre saídas alternativas das pessoas que vêm depor. Quem decide somos nós e não nos passou pela cabeça sequer a possibilidade do prefeito receber tratamento diferenciado. Nos choca e causa surpresa saber que a PM lotada no Ministério Público tenha dado tratamento diferenciado a saída do prefeito sem nos ouvir", ressaltou o promotor Fábio Monteiro.
O tenente-coronel da Polícia Militar e chefe da segurança institucional, Negreiros, negou que um dos policiais tenha privilegiado o prefeito de Coari. Entretanto, não soube explicar como Adail conseguiu ter acesso à porta dos fundos do Ministério Público e acabou revelando que o prefeito recebeu orientação de policiais para sair do prédio. "Não houve determinação para obstruir o trabalho da imprensa e não tive qualquer contato com o prefeito. Só fizemos com que o procedimento interno seja adotado. A política da casa é a segurança das pessoas e das instalações físicas", afirmou Negreiros.

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