Filho de ex-senador amazonense, advogado levanta “fichacorrida” de Adail Pinheiro e promete que vai denunciar o Brasil à ONU por crime cometidos contra adolescentes e meninas do município de Coari
Flávio Britto fala da campanha nacional e internacional contra o prefeito Adail Pinheiro
Dizendo-se
revoltado e indignado com os casos de pedofilia e processos por prática
de corrupção envolvendo o atual prefeito de Coari, Adail Pinheiro, o
advogado Flávio Britto, filho de umex-senador amazonense, quer
radicalizar. Está reunindo provas, processos e montando um memorial para
denunciar o Estado brasileiro na Organização dos Estados Americanos (OEA)
e na Organização das Nações Unidas (ONU) por conta dos crimes contra os
direitos humanos de crianças e adolescentes do Município de Coari (a 370
quilômetros de Manaus).
“O
Brasil pode vir a ser prejudicado nas suas pretensões de ter uma vaga no
conselho permanente da ONU por causa da irresponsabilidade promovida
pelo Judiciário do Amazonas que não tem julgado e processado, até
opresente momento, o senhor Adail Pinheiro”, diz Brito. Recentemente
contratado pela coligação “Coari tem Jeito”, derrotada na última eleição
municipal, o advogado está atuando no recurso especial, que tramita no
TSE, que pede acassação de Adail pela “Lei da Ficha Limpa”. Nessa
entrevista concedida para ACRÍTICA, Flávio Britto fala do processo que
não anda, do conflito de interessedentro da OAB, da atuação dele no caso
que cassou o prefeito de Codajás e na campanha nacional e internacional
contra o prefeito Adail Pinheiro.
Como
está situação do recurso especial eleitoral (Respe 15105), no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE),que pede a cassação do mandato do prefeito de
Coari, Adail Pinheiro?
O
processo está maduro para julgar. Desde o final do ano passado,
encontra-se concluso com o relator, ministro Dias Toffoli, e até esteve
para ir a julgamento, mas diante de uma manobra processual ele
foi retirado da pauta. Essas medidas visam procrastinar o processo para
que osenhor Adail Pinheiro cumpra o máximo de tempo na cadeira. Mas há
uma convicçãoda minha parte e da minha equipe que se o processo for
levado ao plenário da corte eleitoral, há uma altíssima chance de ele
sair cassado porque é um ficha suja. Isso é inconteste.
Mas,
a juíza deprimeiro grau de Coari e o Tribunal Regional Eleitoral não o
consideram cha-suja, tanto que deferiram a candidatura dele.
Todo
esse tempo, ele vem utilizando manobras processuais porque tem muitos
contatos e tentáculos no Judiciário no Estado do Amazonas. E isso não sou
quem diz. Na operação Vorax, caíram em gravações seis magistrados do
Amazonas, entre desembargadores e juízes.
Além
desses tentáculos que o senhor menciona, o prefeito Adail também
contratou uma banca de advogados pesos-pesados. Nada menos que
dois ex-ministros do TSE e o atual presidente nacional da OAB. Não será
uma luta de Davi contra Golias?
O
que me preocupa não são os dois ex-ministros do TSE(Fernando Neves e
José Eduardo Alckmin) estarem no caso, mas quanto à figura do atual
presidente do Conselho Federal da OAB (Marcus Vinícius Furtado).
É direito dele exercer a profissão, mesmo à frente da entidade, mas para
a instituição cria um certo desconforto.
Por que gera desconforto, se ele não está impedido legalmente de advogar?
Estamos
falando de um cliente, o prefeito Adail Pinheiro,que pesa sobre ele
mais de 100 casos de pedofilia e estupros contra vulneráveis, menores de
12 a 14 anos. E o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, por
ter conhecimento dos fatos, divulgados pela mídia brasileira, fica
constrangido de investigar. Como vou investigar o grande acusado que é
cliente e tem como defensor o presidente do Conselho Federal? Cria, a meu
ver, um conflito de interesses na instituição.
Pelo que o senhor diz, essa é uma situação grave. O que pretende fazer?
Em
relação à OAB, lamentavelmente, eu só posso manifestar aminha humilde
opinião. Mas, há aí uma violação aos direitos humanos. Eu e minha equipe
estamos estudando medidas duras e efetivas contra o Estado
brasileiro.Esses crimes praticados contra menores, crimes de estupros
presumidos, aliados a esse jogo de empurra para saber quem vai julgar,
quem vai ser competente, fomentado pelos advogados criminalistas . Há
processos de estupros, contra ele, hibernando há quatro anos e nada é
feito.
Que medidas “duras e efetivas” são essas?
Por
conta dessa irresponsabilidade que está ocorrendo no Poder Judiciário do
Estado do Amazonas, cabe uma medida judicial contra o Estado brasileiro
na corte internacional de direitos humanos da Organização dos Estados
Americanos (OEA). E depois levaremos o caso às Nações Unidas (ONU)
por conta desses crimes contra os direitos humanos de crianças e
adolescentes de Coari. O Brasil pode vir a ser prejudicado nas suas
pretensões de ter uma vaga no conselho permanente da ONU por causa da
irresponsabilidade promovida pelo Judiciário do Amazonas que não tem
julgado e processado, até o presente momento,o senhor Adail Pinheiro.
Mas,
essa questão da pedofilia e da operação Vorax nada tem a ver com o
recurso especial eleitoral que tramita no TSE. Como uma causa tem relação
com a outra?
Neste
processo eleitoral, Adail está sendo julgado porque é um ficha suja seja
por condenações do Tribunal de Contas do Estado (TCE), dois decretos
legislativos da Câmara Municipal de Coari, dois acórdãos do Tribunalde
Contas da União (TCU), um por desvio de dinheiro da educação, e a
condenaçãopor abuso de poder político quando ele distribuiu, em 2008,
quando era prefeito, brindes em cifras que ultrapassam os R$ 4 milhões,
para promover candidatos do grupo dele sob a alegação de homenagear as
mães de Coari. Nós vamos colocar ao Tribunal Superior Eleitoral que fora
essa questão que vai ser julgada, há outra muito maior, que ultrapassa
essa barreira eleitoral,ultrapassa a competência do TSE, que é esse caso
reiterado de prática depedofilia, de assédios a menores e prática
carnal de estupro contra vulnerável.
Então,
o senhor vai usar no TSE os casos de pedofilia de Coari para
sensibilizar os magistrados no julgamento eleitoral? Por que motivo?
Quando
a gente pega esses mais de 100 casos que acontecem em Coari, a gente
percebe que a situação é muito grave. Cada vez que leio, aprofundo meus
estudos sobre esse caso,fico revoltado porque estamos diante de um dos
maiores crimes contra os direitos humanos, contra crianças e
adolescentes.
É
verdade que osenhor está mobilizando órgãos e instituições, ligados aos
direitos humanos ede defesa da criança e adolescentes, para denunciar o
caso nacionalmente?
Lamentavelmente,
as famílias de Coari, neste momento, não podem contar com o apoio
incondicional da Comissão de Direitos Humanos da OAB por conta desse
conflito de interesses (o presidente do conselho, Marcus Vinícius Furtado
é advogado de defesa no processo de Adail Pinheiro no TSE).Mas, já
fizemos contato com o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral(MCCE),
com a CNBB e suas várias pastorais, advogados, parlamentares de diversos
Estados e movimentos sociais. Estamos montando um time para comprar essa
briga: Adail tem que ser julgado com isenção e com o que há de provas,
não tenho dúvidas de que ele será condenado e tem que cumprir a sua pena
de preferência em um presídio federal de segurança máxima.
Um
dos motivos porque o senhor foi contratado pela coligação “Coari tem
Jeito”, derrotada por Adail nas últimas eleições, foi o seu sucesso na
cassação recente do prefeitode Codajás, Abraham Lincoln Bastos. Do que
se tratava o processo?
Realmente,
tive a honrosa oportunidade de atuar em um caso eleitoral que envolve
políticos no Estado do Amazonas (Respe nº 819 / AM),referente ao
registro de candidatura do senhor Abraham Lincoln Dib Bastos a o cargo de
Prefeito de Codajás/AM. Defendi os interesses do adversário dele,
Joel Gomes de Oliveira, na qualidade de assistente do Ministério Público
Eleitoral.Eles queriam a cassação do registro de candidatura do
candidato do PSD de Codajás pelo fato de não ter apresentado a prestação
de contas ao Tribunal de Contas da União (TCE) de recursos federais do
Fundo Nacional de Desenvolvimentoda Educação (FNDE/MEC). O Tribunal
Superior Eleitoral, por maioria, considerouo mesmo ficha suja e
consequentemente cassou o seu registro de candidatura e anulou
integralmente os seus votos obtidos na eleição municipal de 2012. Na hora
que o acórdão do TSE for publicado, ele deixa a cadeira de prefeito.
MATÉRIA ACRITICA.COM
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