Edição manauense da mobilização pelo passe livre e de temas como o combate à corrupção promete reunir mais de 43 mil pessoas
Estudantes se reuniram nesta terça-feira na praça São Sebastião,
no Centro, para confeccionar cartazes que serão usados no ato público
A
onda de insatisfação popular contra o precário sistema de transporte
público, a corrupção e a farra com o dinheiro do contribuinte chegou a
Manaus e até, nesta terça-feira (18) à noite, segundo dados registrados
nas redes sociais, contava com a adesão de pelo menos 43.117 pessoas.
Durante todo o dia desta terça-feira, o assunto pautou as conversas nas
ruas, nos ambientes virtuais e nos órgão públicos de Manaus e promete
reunir os manifestantes na Praça da Matriz, Centro, a partir das 17h
desta quinta-feira (20).
“A população
finalmente acordou e está cansada de ser feita de fantoche. Está indo
para as ruas. Estamos cansados do transporte público precário, dos
terminais lotados, dos ônibus sucateados. Estamos acordando e indo
buscar nossos direitos. Chega de passar por isso. Chega de sermos feitos
de palhaços”, declarou o universitário Getúlio Cordeiro, 24 anos, que,
nesta terça-feira, representou a organização do “Ato Nacional Contra o
Aumento da Passagem II. Movimento Passe Livre Manaus” em reunião na
Secretaria de Estado de Segurança (SSP).
A
exemplo do que ocorreu em outras capitais do País, a pauta dos
manifestantes começou com o aumento da tarifa de transporte público - um
problema social no Brasil que afeta todas as classes sociais - e foi
ampliada para os atos dos poderes Legislativo e Executivo em desarmonia
com a expectativa popular.
Para o
vice-presidente do Instituto Amazônia de Cidadania (Iaci), Luiz Odilo,
que participará da manifestação, a população chegou ao limite e está nas
ruas para demonstrar sua insatisfação. “Eu acho que é importante e
legítimo demonstrar que nós brasileiros não estamos acomodados. Não
aprovamos a corrupção que quem está no poder promove. O povo quer
respostas”, declarou.
Getúlio afirmou
que também está na pauta da manifestação a cobrança por investimentos
na Educação; contra a aprovação da PEC 37, a PEC da Impunidade, que
retira o poder do Ministério Público de investigar, entre outros. Na
página criada para o evento no Facebook, a cada momento a lista de
reclamações aumentavam. As pessoas que aderiam ao movimento reclamavam
contra os políticos, contra os serviços públicos e promoviam enquetes
para que os demais participantes escolhessem os piores.
Outros
pontos da onda de manifestações que estão tendo ressonância em Manaus
são: a adesão de pessoas de diferentes classes sociais, rejeição a
qualquer tipo de manifestação partidária e uma aclamação para que a
manifestação seja pacífica. “A nossa orientação é que as pessoas não
escondam os rostos e que levem suas indignações”, disse Getúlio.
Reunião para dividir tarefas
A
manifestação foi decidida em assembleia, realizada na segunda-feira
(17), as 17h30, na Praça da Heliodoro Balbi, no Centro. Líderes do
“Movimento Pela Melhoria do Sistema Público de Transporte e Redução das
Tarifas” elegeram quatro comissões para auxiliar o protesto (Segurança
Jurídica, com acionamento de advogados, orientação em caso de prisões e
de como se portar durante o ato; Comissão de Saúde para prestar apoio de
primeiros socorros em caso de necessidade durante as passeatas;
Comissão de Comunicação: logística de cartazes, palavras de ordem,
elaboração de textos, disponibilização de informações à imprensa;
Comissão de Organização responsável por todas as atribuições das outras
comissões, além do setor de carro som, trajeto, articulação com outras
organizações).
Primeiro evento teve tumulto
A
mobilização que começou em protesto contra o valor da tarifa do
transporte público e passou a reivindicar investimentos em educação e
saúde, além de ética na política, será a segunda realizada em Manaus, em
sete dias. Na quinta-feira da semana passada, aproximadamente cem
pessoas entre estudantes secundaristas e universitários protestaram, no
Terminal Integração 1, na avenida Constantino Nery, no Centro.
O
ato terminou em tumulto e com oito manifestantes presos por dano ao
patrimônio público. A Polícia Militar (PM) usou bombas de efeito moral,
spray de pimenta e balas de borracha para dispersar o grupo que defendia
a redução da tarifa de ônibus em Manaus e a melhoria do transporte
coletivo. Alguns manifestantes ficaram feridos. O grupo detido foi
encaminhado para o 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), na Praça 14.
‘Quem quer a paz se prepara para a guerra’
A
manifestação programada para esta quinta-feira na cidade deve paralisar
o trânsito no Centro da cidade e provocar um efeito cascata em todos os
pontos de Manaus já que pela Praça da Matriz passa a maioria das linhas
de ônibus. Outra consequência do ato será o fechamento do comércio no
Centro às 16h, na quinta-feira.
A
cúpula da Segurança Pública fará plantão no Ciops, no horário do evento,
segundo o secretário de Estado de Segurança, Coronel Vital, para
acompanhar o movimento pelas câmeras de monitoramento instaladas no
Centro. Vital Melo disse que a orientação é que a polícia evite o
confronto com os manifestantes, mas não assegurou o não uso de spray de
pimenta e de balas de borracha. “Se você quer a paz tem que se preparar
para a guerra. Não podemos ir para lá desprovidos”, declarou.
‘O povo cansou de escândalo’
O
empresário Rafael Rezz é um dos que aderiram ao movimento em Manaus.
Ele passou a compartilhar o convite nas redes sociais para mobilizar o
maior número de pessoas e cedeu à própria empresa para que fossem
confeccionados cartazes para a manifestação.
Ela
acredita que houve grande adesão porque o “povo está cansado” de
escândalos na política e da carência de melhoria de vida. Para Rafael, a
manifestação é um instrumento para mostrar que o povo não aguenta mais
ser prejudicado. “Não sou organizador, mas como cidadão acredito que é
dever de todos descruzar os braços e lutar para mudar o que está errado.
É hora de ir pra rua e mostrar que o transporte, saúde, educação e
qualidade de vida do cidadão estão péssimos”, disse.
Para
o cicloativista Keyce Jhones, a mobilização “é um exercício de
cidadania”. Ele defende que é a chance da população expor as constantes
indignações sobre os absurdos que ocorrem no País. “Eu sou um cidadão
como qualquer um e vou me manifestar diante da falta de compromisso
principalmente com a mobilidade urbana na cidade, pois sou um
cicloativista e venho fazendo a defesa constante do uso da bicicleta
como meio alternativo, mas defendo muito a melhoria e ampliação de
infraestrutura e investimentos para o transporte coletivo”, disse.
MATÉRIA ACRITICA.COM.BR
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