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CPI da Pedofilia da Câmara Federal cobra posicionamento de Governo do Amazonas e de outros parlamentares sobre o caso

Clima de terror e ameaças continuam no município de Coari, relata presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito. Rede de exploração continua viva e a CPI vai pedir intervenção estadual para que os moradores do município possam ter segurança

Presidente da CPI da Pedofilia, deputada federal Érika Kokay conduziu audiência pública na ALE-AM após terceira visita a Coari (AM)
Presidente da CPI da Pedofilia, deputada federal Érika Kokay conduziu audiência pública na ALE-AM após terceira visita a Coari (AM) (Evandro Seixas)

Pela terceira vez a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes em todo o País esteve no município amazonense de Coari (distante 370 quilômetros de Manaus) colhendo depoimentos e constatou que, mesmo com a prisão de Adail Pinheiro, a rede de exploração continua viva. Membros da Comissão irão pedir intervenção estadual.
Presidente da CPI, a deputada federal Érika Kokay (PT-DF) fez questão de salientar que a rede de exploração sexual no município continua operante, recebendo comando de Adail, mesmo ele preso no Comando de Policiamento Especializado (CPE) desde o último dia 8 de fevereiro. Para inibir isso, a Comissão deve se reunir nesta sexta-feira (21) com o procurado-geral de Justiça do Estado, Francisco Cruz, para pedir a intervenção do município.
"O que se vê naquele município é a barbárie,  de pessoas que utilizam a máquina pública para disseminar seus próprios interesses e, principalmente, para coagir pessoas e vítimas que já tiveram seus direitos violados", destacou Kokay em audiência pública realizada na noite desta quinta-feira (20) na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), logo após a chegada da CPI de Coari. 
Já a deputada federal Liliam Sá (Pros-RJ) relatora da CPI, criticou a imparcialidade do governador do Estado, Omar Aziz, e de senadores e deputados federais do Amazonas que, segundo ela, até o momento não se posicionaram sobre o caso.
"Até agora não vi o governador deste Estado, nem os deputados federais e estaduais, se mexerem para ajudar a gente. É inadmissível que os representantes do povo não digam nada, pois é preciso empenho de todos, a população merece uma resposta", alertou Liliam. 
A deputada descreveu que o caso de Coari é emblemático,  que apesar de existirem investigações de crimes de exploração sexual em pelo menos oito municípios do Amazonas,  nenhum se compara com o esquema que é desenvolvido no local.
"São secretários municipais,  assessores e funcionários públicos blindados pela Justiça para roubar a infância de tantas meninas. Mas nós não vamos parar as investigações,  podem ameaçar e fazer o que quiserem, nós viremos aqui quantas vezes forem necessárias", desafiou. 
Um dos fatores fundamentais para o pedido de intervenção que será feito pela Comissão foi um dos depoimentos que demonstram que pessoas envolvidas no esquema entram nos Conselhos Tutelares do município amazonense apenas para vasculhar os dados de vítimas, para ameaçarem posteriormente.
"O Conselho Tutelar é autônomo e foi criado para dar proteção às crianças e adolescentes que precisam de um acompanhamento e de segurança,  e ver essas práticas ocorrendo (neste local) é ir contra a democracia que conquistamos", acredita.
Prisão perpétua
Comovida com o clima que estão vivendo os moradores de Coari, a deputada Liliam lamentou não existir a prisão perpétua em nossa Constituição Federal que, para ela, seria a melhor punição para tais práticas criminosas.
“É uma pena que no nosso País a prisão perpétua não seja a aceita, porque para mim pedófilo tem que apodrecer na cadeia. Lamentavelmente, nós sabemos que daqui a pouco ele vai sair, com um habeas corpus já está na rua e, infelizmente, fazendo a mesma coisa”, desabafou.
Relatório final
O relatório final deveria sair no mês de maio mas, segundo a relatora, por conta das novas denúncias, novos fatos e a “Operação Estocolmo” - onde serão ouvidos outros 20 indiciados -, a previsão é de que a Comissão conclua o relatório no mês de setembro, prevê a relatora.
Trabalho necessário
Liliam destacou que a ida da comissão ao município de Coari é um trabalho necessário, pois muitas vítimas e famílias estão coagidas, com o direito de ir e vir prejudicados.
“Tivemos depoimentos emocionantes de pais de família que disseram que não podem mais levar suas filhas na escola porque estão sendo ameaçados de morte, porque na escola elas vão ser aliciadas, e essas ameaças vêm de secretários municipais, pessoas que possuem cargos relevantes no município”, destacou Liliam.
Depoimentos de funcionários públicos que vendiam suas filhas por estarem sendo ameaçados integram os depoimentos recolhidos pelas deputadas federais.
“Uma adolescente foi até a casa de Adail e ele a fez tirar a roupa. Só quando a filha de Adail chegou foi que a adolescente fugiu, e Adail ainda ofereceu R$ 2 mil para que a adolescente aliciasse outras garotas. Isso é uma pouca vergonha”, detalhou.
Deputados presentes
A deputada estadual Conceição Sampaio abriu a audiência destacando que todos os deputados estaduais foram convidados a participar do ato. No entanto, apenas sete dos 24 parlamentares compareceram ao plenário: Conceição Sampaio, Chico Preto, Sinézio Campos, Tony Medeiros, José Ricardo, Washington Régis e Luiz Castro.
O deputado estadual Luiz Castro (PPS) reforça que as pessoas que estão enfrentando esse clima de terror estão pedindo socorro.
“A qualquer momento pode ocorrer uma tragédia. Já é hora do Tribunal de Justiça tomar uma posição firma para que o governador possa escolher uma pessoa para restabelecer a paz em Coari”, destacou.
MATÉRIA ACRITICA.COM.BR

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