Segundo o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), o número de médicos por mil habitantes nas capitais do País é, em média, de 4,56, no interior esse indicador cai para 1,11, o que representa um quadro preocupante
Nas capitais brasileiras e municípios do interior onde há carência
de médicos, o reflexo são unidades de saúde superlotadas e longas
esperas para consultas e exames
A
carência de médicos no País, especialmente nas zonas rurais, apontada
pelo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) divulgado na semana
passada, foi contestada pelo presidente do Conselho Regional de Medicina
do Amazonas (CRM-AM), José Bernardes Sobrinho.
De
acordo com o TCU, enquanto o número de médicos por mil habitantes nas
capitais do País é, em média, de 4,56, no interior esse indicador cai
para 1,11, o que representa um quadro preocupante. As variações entre os
Estados brasileiros são bastante significativas: no Maranhão, Estado
com menor número relativo, há 0,71 médico por mil habitantes; já no
Distrito Federal, o número sobe para 4,09, um índice comparável ao da
Noruega.
Manaus está entre as piores
taxas, com 1,9 médicos por 1.000 habitantes. O quadro fica mais
dramático quando se fala em especialidades, pois em algumas nem existem
médicos cadastrados no CRM, como oncologia, cirurgia digestiva, cirurgia
de trauma. Em especialidades como angiologia, parte da medicina que
trata dos vasos sanguíneos (artérias e veias), apenas seis estão
inscritos, em cirurgia cardiovascular, nove, mastologia, 10, cirurgia
pediátrica, 14 e cirurgia plástica, 27.
Levantamento
No
trabalho feito em 116 hospitais públicos de todos os Estados
brasileiros pela primeira vez, o tribunal avaliou o sistema de saúde
brasileiro por meio de indicadores que demonstraram significativas
desigualdades, tanto na comparação do modelo público com o privado,
quanto dentro do próprio Sistema Único de Saúde (SUS), quando comparadas
as regiões do País, as capitais e o interior.
O
levantamento aponta para um desequilíbrio entre o número de médicos das
capitais e das cidades do interior. Enquanto nas primeiras há 4,56
médicos por mil habitantes, nas pequenas cidades a proporção é de pouco
mais de um médico por mil habitantes. O diagnóstico do TCU apontou outro
problema grave relacionado ao atendimento de pacientes com baixa
gravidade nas unidades de urgência ou de emergência. Dos gestores
entrevistados, 58% disseram que metade dos pacientes com atendimento
especial poderia ter os problemas resolvidos na atenção básica. Aos
pesquisadores, 73% dos gestores dos hospitais analisados declararam
achar inadequada para o atendimento a estrutura do seu local de
trabalho. Além disso, 23% dos hospitais têm equipamentos de alto custo
subutilizados ou sem uso, devido à estrutura do imóvel.
A
auditoria do TCU mostrou um aumento de demandas judiciais, com o
objetivo de garantir medicamentos e procedimentos que não estão
previstos no Sistema Único de Saúde (SUS), fato preocupante aos gestores
da saúde municipal, estadual e federal, pois a interferência acaba
desprezando os fluxos e protocolos existentes, impondo a realização de
tratamentos extremamente onerosos que resultam em inversão de
prioridades nos gastos com medicamentos, com grave impacto na
programação anual de saúde.
Matéria acritica.com.br
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