Por
Salvador Nogueira
03/06/14
20:00
A megaterra divulgada ontem
por astrônomos americanos impressionou? Espere até ver este aqui: um planeta
potencialmente habitável — com toda probabilidade rochoso, como a Terra, e
capaz de ter água líquida — a apenas 13 anos-luz de distância. Não só é o
mundo com possibilidade de abrigar vida mais próximo já
descoberto como também é o mais velho deles. O achado acaba de ser
publicado no periódico “Monthly Notices of the Royal Astronomical Society”.
Ilustração
do planeta Keptayn b, ao lado do aglomerado globular associado à sua
estrela-mãe (Crédito: PHL/Divulgação)
Orbitando
ao redor da Estrela de Kapteyn, uma anã vermelha na constelação do Pintor, o
novo planeta tem cerca de cinco vezes a massa terrestre. É um bocado, se
comparado ao nosso mundo, mas ainda assim ele dá toda a pinta de ser similar à
Terra em composição. Kapteyn b, como acabou batizado, completa uma volta
em torno de sua estrela a cada 48 dias terrestres, o que o coloca na distância
exata de sua estrela-mãe para permitir a existência de água em sua
superfície. Os cientistas tratam essa como a condição essencial para o
estabelecimento da vida.
A questão
é: há ou houve seres vivos em Kapteyn b? Olha só, no momento, ninguém sabe. O
que já podemos dizer é que tempo para eles evoluírem não faltou. Ao que tudo
indica, a Estrela de Kapteyn nasceu cerca de 11,5 bilhões de anos atrás. Para
que se tenha uma ideia do que isso significa, é duas vezes e meia a idade da
Terra! Caso a vida tenha surgido por lá com a mesma rapidez que por cá, houve
tempo de sobra para que a evolução produzisse criaturas complexas e, quiçá, uma
civilização avançada. Aliás, pressupondo um ritmo evolutivo similar ao
terrestre, teria dado tempo para isso tudo acontecer antes mesmo que o Sistema
Solar iniciasse sua formação, 4,6 bilhões de anos atrás!
A pedido
dos descobridores (liderados por Guillem Anglada-Escude, da Universidade Queen
Mary de Londres), o astrônomo e escritor de ficção científica Alastair
Reynolds fez uma reflexão similar a essa e escreveu um pequeno conto sobre como
seria o encontro de uma sonda robótica enviada pela humanidade a Kapteyn b com
as ruínas de uma sociedade alienígena avançada que teria florescido lá muito
tempo atrás. (Se você domina o inglês, o texto pode ser encontrado aqui e vale a pena. O final é de matar.)
O Mensageiro
Sideral, por sua vez, está preparando uma reportagem completa sobre a
descoberta (que inclui fatos curiosos, como a presença de um segundo planeta,
maior e mais frio, no mesmo sistema, e a possibilidade de que a Estrela de
Kapteyn tenha se originado em outra galáxia 11 bilhões de anos atrás e somente
mais tarde migrado para a nossa Via Láctea!). Confira todos os detalhes na Folha
desta quarta-feira. E, claro, fique ligado neste espaço para desdobramentos
desse achado empolgante.
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