A universitária Laís Barbosa costuma ficar em média 18 horas por
dia conectada na Internet, de preferência por meio do celular
O advento da
Internet mudou a rotina das pessoas, do mundo, na velocidade das notícias e o
modo de se comunicar como um todo. Apesar de todos os benefícios desta
ferramenta, há aqueles que não suportam ficar offline, como o multiartista
amazonense Turenko Beça. No entanto, para ele, só há prós nessa sua “mania” de
ficar online.
O artista, que
foi abordado para ser personagem desta matéria por meio do Facebook, gostou da
ideia de ser entrevistado através da rede social. “Isso é uma das coisas pelas
quais eu sou fã da Internet: a não necessidade da minha presença física”, disse
Beça, o qual considera a Internet e as redes sociais como escritórios.
“Desligo o
celular apenas quando vou dormir. A Internet me ajuda muito. Aqui marco
encontros, eventos, arrumo trabalhos novos, arrumo trabalhos para amigos,
realizo a divulgação (de suas obras e projetos). Aqui é meu escritório”,
declarou o amazonense.
AcometidosO problema de
vício em Internet afeta mais de 50 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da
Universidade La Salle, nos Estados Unidos, e 4,3 milhões no Brasil. Números que
só tendem a crescer pela maior facilidade de acesso à web e pelo desenvolvimento
tecnológico.
De acordo com
Ângela Vieira, mestra, docente em Psicologia há 56 anos, o vício pela Internet
apresenta a mesma compulsão de todos os outros vícios, como por jogo, comer,
compras, sexo, drogas, entre outros. “Pontuamos aqui a compulsão, cuja
característica é a falta de domínio sobre a atitude. Então, se a pessoa possui
uma personalidade compulsiva, poderá desenvolver o TOC (Transtorno Obsessivo
Compulsivo), pois tanto a compulsão como a obsessão são involuntárias, sendo que
as obsessões estão tão embutidas na consciência que não podem ser apagadas
facilmente por livre decisão do indivíduo”.
ProblemasA universitária
Laís Barbosa já passou por situações complicadas, por ficar online
constantemente. “Às vezes prejudica. Já me chamaram muito atenção por deixar de
fazer tarefas do dia a dia para ficar na Internet, e em questões de saúde, já
que eu tenho problemas de visão. Segundo o oftalmologista, o fato de ficar muito
tempo na frente do computador ou do celular é um fator agravante”, contou Laís,
que costuma passar em média 18 horas conectadas.
“Eu geralmente
fico batendo papo no Whatsapp, olhando o Facebook, Instagram e, como não costumo
ver TV, fico em sites de notícias. Às vezes, eu também uso a Internet para fazer
compras e também vejo muitos vídeos no YouTube. O máximo que fiquei sem Internet
foi um dia, que foi pelo celular. Ficava o dia inteiro tentando encontrar
ocupações. Isso depois de ligar para a operadora e tentar ter a Internet de
volta. Foi bem chato. Fico irritada quando estou sem Internet, porque é a forma
que tenho mais cômoda de me ocupar”, acrescentou.
Novos
temposMas os problemas do excesso vão além. Segundo Ângela, quem
não consegue controlar este tipo de ferramenta está praticamente fadado a ficar
fora do mercado de trabalho. “A palavra é equilíbrio. De acordo com o ‘American
Journal of Psychiatry’, mais que um vício, o uso excessivo pode ser um distúrbio
mental que deveria ser tratado como doença, pois, além das doenças físicas, o
aspecto mental envolve perder a noção do tempo, esquecer de comer e dormir, onde
o isolamento social também é outro sintoma apontado. Em alguns países, o uso
descontrolado da Internet é um caso de saúde pública”, informou a profissional,
complementando que os aspectos comportamentais da psicologia muitas vezes não
resolvem esse tipo de obsessão.
“Em certos
casos precisa-se do apoio de medicamentos junto ao psiquiatra. Tomar remédio
controlado ainda traz uma resistência grande, mas esta estratégia é apenas
temporária, pois objetiva diminuir a ansiedade pela compulsão. Após algumas
sessões, o medicamento é substituído pela psicoterapia”.
MATÉRIA ACRITICA.COM.BR
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